Desde criança eu amo fazer aniversário. Faço aniversário em janeiro então em dezembro eu já começo a anunciar pra todos que conheço: meu aniversário tá chegando. É sério, faço muita questão porque aniversário teoricamente é um dia só meu. Um dia em que eu sou o centro das atenções. Não é igual natal que tá todo mundo no mesmo barco. No meu aniversário o barco é meu e eu sou o velho da lancha. Aniversário pra mim é coisa muito séria. E quem não faz questão de mim nesse dia é colocado logo na lista negra e de lá é bem difícil sair. 

É que esse ano foi diferente. Eu tava em São Paulo, treinei com minha amiga Manu, tomei um café da manhã divino, assisti Eduardo e Mônica sozinha no cinema com um balde enorme de pipoca, tive uma crise de ansiedade no meio da Av. Paulista e curti muito, mas muito mesmo minha própria companhia. Mas não é isso, esse ano foi diferente porque trouxe com ele, ela: a síndrome dos quase 30.

Sim, leitor, eu tenho 29 anos. Nem eu acredito nisso. Primeiro que fisicamente eu não aparento ter 29. É, eu tenho alguns fios de cabelo branco e muitas marcas de expressão porque eu sou uma pessoa o que? Expressiva. Não consigo me expressar sem mexer a cara demais, mas aí é aquele ditado: Vamos fazer o que? 

Gente, mas não dá um desespero? Porque assim, quando foi que o tempo passou tão rápido? Que momento específico que foi isso? Alguém me explica? Que que eu tava arrumando? Foi muito tempo que perdi vendo série no Netflix e procrastinando nas redes sociais? Uma coisa que assusta é que antes a referência de um tempo distante que eu falava com nostalgia era algo da minha infância, uma festinha de 15 anos, mas agora já falo assim de memórias da faculdade. Tenho amigos de faculdade que não vejo há anos e que estão casando e tendo filhos. E o pior nem é o fato de que eles estão tendo filhos, é que são filhos PLANEJADOS. Quando foi que ter filhos na minha idade parou de ser gravidez na adolescência? Eu juro que perdi essa parte.

E aí que a Síndrome dos quase 30 me deu um senso de urgência pra tanta coisa. Um desespero, um sufoco que dá até falta de ar de ansiedade. Não, não é sobre casar e ter filhos porque eu não sou a Vó Ana. Inclusive casar nunca foi minha prioridade de vida e nem quero ter filhos, nunca quis. É sobre o livro que aos 18 eu sonhei em escrever, mas não escrevi. É sobre as viagens que ainda não fiz, os shows que ainda não fui, o carrão que eu ainda não comprei, o sair de casa que ainda não aconteceu. Eu não saltei de paraquedas, não fiz uma tatuagem e não comecei meu próprio negócio de sucesso. Pior que tudo isso, eu ainda não fui pro BBB, na verdade nem tentei. É tanta coisa. 

Mas é isso aí. O tempo tá passando e só reclamar da passagem não vai resolver nada, só render um texto mesmo. A Laiz de 15 anos se decepcionaria sim com algumas coisas que não fiz, mas tenho certeza que ela teria muito orgulho do mulherão que estou me tornando. Nunca fui tão segura e a auto estima, menina, nunca acreditei que pudesse me sentir assim. A grama do vizinho é sempre mais verde, mas eu to aqui cuidando da minha graminha com muito amor e carinho. 

Ainda dá tempo de voltar a escrever, de viajar muito, ir em muitos shows e avaliar se eu preciso mesmo de um carrão. Ás vezes nem é hora de sair de casa, mas sim de aproveitar cada segundo valioso com a mami poderosa. Será que eu aguentaria mesmo a pressão psicológica de um BBB? Acho que não, haja terapia. Eu nem sei se eu quero mesmo uma tatuagem porque minha cicatrização é horrível. Ah e o paraquedas já posso agendar, né? O que que falta?

 


 

 

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