Eu tenho uma doença grave e crônica. Não sei se é um problema físico ou mental, acho que os dois juntos, mas é grave, muito grave. Essa doença já me impediu de ir a muitos lugares e fazer muitas coisas. Já me fez perder pessoas que se diziam amigas e até peguetes que por conta dela jamais chegaram a namorados. É triste, mas eu simplesmente a tenho e não tenho como me livrar. É difícil encontrar alguém que aceite essa doença, talvez apenas pessoas que a tenham ou que possuam pelo menos algum dos sintomas. Meu vô, por exemplo, me aceita muito bem, acha até bom porque com essa doença eu me enquadro muito bem dentro das morais e bons costumes que a sociedade manda.  Para minha vó, uma senhora muito a frente do seu tempo em alguns aspectos, eu ter essa doença é meio que inadmissível, com ela vai ser difícil eu realizar todos os sonhos não realizados por ela, mas que ela projetou em mim.
Muitas vezes não tenho vontade sair. Ou até tenho uma vontadezinha, mas a preguiça de tirar o pijama, escolher roupa e passar maquiagem supera qualquer vontade. Ou até dá vontade passar maquiagem, mas e chegar bêbada e tirar? Ou não tirar e acordar no outro dia fantasiada de panda e com o olho todo ardendo pela invasão de agentes estranhos. Dá preguiça só de pensar. Chegar na balada, beber alguma coisa, andar, procurar não sei o quê e nem pra quê e se o quê for totalmente desinteressante? Ah que preguiça, que perda de tempo.
Que bom é poder ficar o dia inteiro de pijama e meia. Tomar um banho e voltar a colocar pijama. Lençol fresco, um bom livro ou quem sabe dormir o dia inteiro. Filmes e seriados, pipoca e edredon, quem sabe um pudim ou brigadeiro? Abraçar a mãe, o cachorro, não preocupar com o relógio. Sair pra ir ao cinema, uma voltinha na praça, um sorvete na casquinha ou não sair pra nada. Desculpa, sociedade. Eu tenho velhice precoce. Eu tenho uma doença que é uma delícia.

 

4 comentários:

Simone Souza disse...

Laiz, fui lendo e me identificando.
Sou desse jeitinho!
Adoro ficar em casa de pijama, dormir, assistir seriados, não pensar no que vem depois.
Sou assim "velha" já tem um tempinho. Antes fui em muitas baladas, me diverti, curti um pouco a vida.
Mas não tem lugar melhor do que o meu quarto.
Não se sinta mal, não!
Doentes são os que fingem que são felizes, com seus copos cheios, corações vazios e amizades interesseiras.

Abraços!

sua prima maravilinda :) disse...

Ameeeeei !
Será mal de família?! Hahaha
curti mil vezes a parte da Vó a frente do seu tempo... Aaaa na verdade curti mil vezes o texto inteiro!!!!

Patricia disse...

Desbloqueio mto bem vindo! Adoro!

Laiz Araújo disse...

Nossa, só hoje que vi os comentários. Muito obrigada, gente. Então, gab tenho uma pra te contar da vó ana que você nao vai acreditar, hahahahah MUITO moderna.
Que bom que se identificou, Simone. Adoro quando isso acontece. ''Doentes são os que fingem que são felizes, com seus copos cheios, corações vazios e amizades interesseiras.'' Amei isso