Eu passei uma boa parte da minha vida incomodada com essa situação. Um sentimento de culpa que me consumia, uma angústia. Cansei, cansei de ser atormentada por esse fantasma do passado que volta e meia voltava a me assombrar principalmente nas excursões escolares. Perturbavam-me tanto com isso que tive que parar de viajar com a turma. Era muito incômodo ser questionada sobre aquilo na frente de todo mundo e por tanta gente ao mesmo tempo. Pior ainda era ver outros passarem injustamente pela mesma situação.

Depois de muitos anos, resolvi procurar um analista que me aconselhou a dar um basta nessa situação e assumir de vez a culpa. Foi muito difícil tomar essa atitude, mas percebi que seria a melhor. É por isso que estou aqui hoje, para assumir um crime imperfeito repleto de suspeitos. Fui eu, fui eu quem roubou pão na casa do João, não me julguem. Peço encarecidamente que parem de fazer essa pergunta aos amigos agora que já sabem o culpado, obrigada.

Agradecimento especial ao motorista de ônibus que patrocinou esse post.

1 comentários:

Octávio Beutel disse...

crônicas para aprender a gostar de ler.