Os carros passam devagar, um cachorro persegue outro que mesmo cansado não desiste. Um homem desce a rua, ele olha cumprimenta. Eu não. Por que? Quando foi que aprendi isso? Acho que é uma coisa de criança, não falar com estranhos é regrinha básica de sobrevivência nos passada desde tão novos pelos adultos e seguida rigorosamente também pelos mesmos. Mas e cumprimentar? Pode? Vou perguntar a minha mãe, se ela disser que sim passarei a cumprimentar todo mundo e ensinarei meus filhos a fazer o mesmo.

Duas mulheres sobem pelo passeio, no meio delas há uma criança pequena, parece boazinha não faz birra como a maioria. Ela me olha e sorri. Acho que ainda não aprendeu o lance dos estranhos, é, não mesmo, é muito nova pra isso.

Um carro se aproxima lentamente e para em frente, dentro dele conversam algo que não dá para saber o que é, dois meninos se despedem do motorista, saem do carro e batem a porta. Eles caminham em minha direção, cumprimentam, me conhecem, faço o mesmo. Conversam entre si, nada que eu possa compreender muito bem. Fico ali do lado, completamente avulsa, considero a situação um tanto quanto constrangedora. É nessas horas que entendo o real sentido do tempo psicológico, começo a rezar para aparecer alguém realmente conhecido, com quem eu possa conversar. Concluo que pior que os desconhecidos são os semiconhecidos, aqueles que quando você vê na rua faz de tudo para não cumprimentar. Para isso vale de tudo desde olhar a vitrine a mexer no celular, ou fingir que ta falando nele, tenso é quando ele toca.

1 comentários:

Mari ;) disse...

isso me lembrou as longas tardes na sorveteria pinguim decifrando oq os outros estavam falando, e vendo o nosso ex-futuro.