Quando eu comecei a trabalhar na Visu, agência em que trabalho atualmente, era época de campanha política. Em época de campanha a agência se divide para dar conta dos trabalhos de outros clientes também. Mas eu fui pra equipe da política. O estúdio ficava perto da casa da minha vó. Minha mãe ia trabalhar mais cedo e me deixava na minha vó para que eu fosse mais tarde e pudesse descansar um pouquinho lá. No caminho eu costumava fazer uma brincadeira idiota com a sorte. Havia dias em que todos os semáforos do caminho eram verdes e então eu tinha fé de que aquele dia seria bom. Nos dias em que os semáforos eram vermelhos eu torcia para estar enganada. Idiota né?


Sou cheia dessas coisas, fico procurando sinais que provem que meus dias serão bons. Minha irmã diz que teme os dias em que ri muito porque quando ela muito ri é sinal de que mais tarde irá chorar. Comecei a temer isso também.
É besta isso, eu sei. Mas acho que todo mundo tem um pouco disso. Todo mundo tem um amuleto da sorte. Meu amuleto é minha mãe. Esses dias mesmo me lembrei que há pouco mais de um ano atrás eu tava passando por uma situação bem chata. Aquele tipo de situação que você não consegue parar de pensar, sabe? Que dá uma angústia. Quando tudo que você quer fazer é dormir pra ver se esquece, mas você não consegue dormir. Enfim, era final de semana e a única coisa que me fez melhorar foi deitar ao lado dela quietinha, debaixo das cobertas e assistir faustão. Eu odeio Faustão. Mas naquele dia parecia o melhor programa do mundo. Na tv tocava:

"Eu queria ter na vida


Simplesmente

Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca 
De varanda
Um quintal e uma janela

Para ver o sol nascer " 

Essa música é tão linda. Naquele dia eu pensei que seria perfeito se eu pudesse estar refugiada em um lugar como o da música, mas não seria nada se não a tivesse junto comigo.

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