Esse texto nem é uma pentelhice como  o primeiro. Tem o mesmo nome apenas por se tratar de mais uma história "da minha infância querida que os anos não trazem mais". Conseguiu comover minha mãe, mas mãe é mãe né? A minha até me acha bonita. Acredita? hahahaha .  Não sei se agrada aos leitores, mas não poderia deixar de postar o que fiz para uma pessoa que considero tão especial. 


Era um tipo clássico de avô, mas essa característica não o tornava comum e sim muito especial. Fazia com que suas netas se orgulhassem e considerassem-se sortudas de terem sido presenteadas com uma criatura daquelas. Parecia ter sido tirado de livro de história, desenho animado ou calendário e colocado ali, diante dos olhos de quem quisesse ver para nunca mais duvidar da possibilidade de se envelhecer bem.
Cabelos ralos e grisalhos, mas só na metade da cabeça para lembrar-se sempre que o tempo havia passado até ali. Só até ali porque após o nascimento de suas netas o tempo resolveu parar para ele fazendo assim com que aparentasse muito menos idade do que realmente tinha. Não se sabe ao certo o motivo real para tal façanha. Há coisas que nem mesmo os melhores cientistas são capazes de explicar. Arrisco dizer que o amor foi o responsável. Depositou todo o amor que tinha e o tempo ficou tão encantado com isso que ficou ali, mudo, paralisado e esqueceu que devia andar, mesmo que devagarzinho.
Magro com uma barriga saliente que quem visse poderia jurar que engoliu uma melancia inteira sem mastigar.  Se ele contasse que o fez as duas meninas acreditariam, pois acreditavam em tudo que aquele homem costumava dizer, era um verdadeiro herói. E ai dele se ameaçasse tentar perder aquela barriga, no meio de choros e apelos não teria alternativa se não desmentir o fato e prometer nunca mais repetir aquilo nem de brincadeira. Dizem que quando a mais nova, a mais birrenta e manhosa era ainda menor só dormia se colocada ali, sobre a sua barriga. E ali ficava horas e horas, quietinha, como se aquilo fosse uma terapia, um calmante, o melhor sossega leão de todos os tempos.
Seu nome era Henrique, um nome lindo que significa príncipe poderoso. Chamado apenas de Vô Quiqui pelas netas e Tio Kiko pelos sobrinhos e só Deus sabe o ciúme que isso causava na menina mais nova. Gostava tanto de agradar que no natal sempre perguntava o que suas netas gostariam de ganhar e por isso nessa época recebia o tão esperado apelido de vovô Quiqui Noel. Aquele ano ainda não havia ligado, nem recebido cartas como de costume e por isso, preocupado, decidiu tomar uma atitude. Queria saber o sonho de consumo natalino de suas queridas, esperava pedidos como a boneca do ano, a casinha da mesma ou quem sabe até mesmo uma bicicleta. Depois de uma longa conversa com a filha que não via a há dias e com a neta mais velha que não passava dos 4 anos só faltava a mais nova. Gostava de falar com elas diretamente, ouvir de suas bocas na mais absoluta sinceridade o que queriam, sem intervenções.
Eu fazendo birra pra variar um pouquinho.
Não teria problemas com a mais nova,  era tão pequena e nos seus 2 anos mal teria capacidade de pedir ou mesmo querer algo complicado.  E foi quando aquela voz que mal sabia falar direito expressou seu desejo que ele achou que estivesse velho demais, ou surdo demais ou mesmo caduco. Não acreditava que aquilo tinha saído da boca daquele serzinho tão inocente. Um putiã bremeio? Ou seria um sutiã vermelho que aquela coisinha minúscula queria? Pra que? Onde tinha visto um desses para querer tanto e chorar, fazer birra e não aceitar outro presente?
Foi a partir daquele momento que ele percebeu que a tarefa de avô não seria fácil.

4 comentários:

Anônimo disse...

adorei!!!!! bjooo malu

mari disse...

EU AMOOOOO O TEU VO, ELE EH LINDO ! awwww !

mari disse...

lembrei de qndo a gnt foi tomar sorvete la... aww q gracinha e ele falava p comer com a bolacha q era mais gostoso !

Carolina disse...

Adoreeeeeei esse fia HAHAHAHA putiã bremeio